(aula)
A ambiguidade do aterramento (I)
13 de Março
2024
Nesta aula, André Marques Chambel partilhou a sua investigação de mestrado, convidando a uma conversa a partir do pensamento relativo à noção de aterramento, isto é, a uma "aproximação à terra", abrindo caminho para reflectir sobre o lugar do humano na ordem da natureza e sobre a sua relação com o não-humano na experiência da espiritualidade, da vocação e da criação artística.
De forma a iniciar o diálogo, começou-se pela leitura de um texto, onde se procurou definir a palavra "aterramento" tendo em conta a sua ambiguidade e a multiplicidade de significados que ela pode tomar, desde a experiência da gravidade ao exercício intencional da vocação humana — que foi discutida, por sua vez, em torno da relação que a humanidade tem com a terra, partindo da sua origem no húmus e atentando à sua capacidade de cultivar a humildade. Ao mesmo tempo, tentou-se formar um pensamento ecológico que tem como base uma noção de responsabilidade, isto é, de uma capacidade de responder, e uma relação de cuidado para com a paisagem, a cultura, a narrativa e os antepassados.
Deste modo, pensámos em conjunto o fazer da consciência humana a partir da sua relação com o não-humano, e apontando para a noção de aterramento como um exercício intencional, e humano, de ligação à terra, na sua capacidade de revelar o que é ser humano num mundo mais-do-que-humano.
A par da conversa, o André também trouxe algumas das suas obras para dar a ver a forma como este pensamento se manifesta no seu trabalho.
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