(aula)
A ambiguidade do aterramento (II)
20 de Março
2024
Continuando a reverberar o texto lido por André Marques Chambel na primeira aula, dedicámos esta aula ao diálogo referente à noção de aterramento e à sua ambiguidade na vida do ser humano. Se, na primeira aula, olhámos para o aterramento na sua intencionalidade, isto é, como um exercício consciente a ser feito pelo humano em resposta à sua própria vocação, nesta segunda aula olhámos para o aterramento na sua passividade, isto é, para a experiência que ele convoca a uma conversa com a terra, que é, no fundo, a experiência de receber uma vocação, de ser chamado a algo — neste caso, à vida sobre a terra. Ser deitado por terra é aterrador. É uma experiência de sensibilização ao contacto com o solo. É ser alvo da gravidade, não apenas na sua actuação de uma força magnética própria do planeta, mas também na sua capacidade de convocatória a uma participação humana no movimento natural. Ser aterrado é ser chamado pela terra, é ser levado a ouvir a voz da terra. De que forma é que, então, a terra nos chama, e de que forma é que somos capazes de responder, enquanto seres humanos? O que é, afinal, ser aterrado e ser capaz de praticar o aterramento?
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