(aula) Caravaggio, Nancy e a Ressurreição (I)

(aula)

Caravaggio, Nancy e a Ressurreição (I)

24 de Janeiro

2023

fotografia de Teresa Projecto

Ecoando as sessões de cinema propostas por Pedro Florêncio (em particular a dedicada à Stan Brakhage), assim como a investigação de Teresa Projecto em torno do sublime, Tomás Maia fez uma introdução geral ao pensamento de Jean-Luc Nancy sobre a «desconstrução do cristianismo». A partir do livro Noli me tangere (Paris, Bayard, 2003), onde se propõe que o cristianismo terá constituído «a invenção da religião do toque», ficámos no limiar da análise do quadro de Caravaggio A Incredulidade de São Tomé (1603). Na próxima aula, o acesso à pintura de Caravaggio assentará na compreensão de que não há contradição entre o «não me toques», endereçado a Maria Madalena, e o «toca-me», dirigido a Tomé: nestas duas interpelações, Cristo está afinal a enunciar a verdade sobre o corpo ressurrecto. Ou seja, para Nancy, o corpo de cada mortal — apartando-se de si e levantando-se (como um recém-nascido) para a vida.