(aula)
Da noite da possibilidade ao dia da presença (II)
16 de Dezembro
2024
Para fechar as aulas livres de 2024, concluímos a leitura e conversa em torno do texto "A Literatura e o Direito à Morte" (1948), de Maurice Blanchot.
Se na aula passada nos focámos na ambiguidade da literatura, nesta aula contemplámos a relação com a morte que a literatura traz ao ser humano e a possibilidade que essa mesma relação traz à sua vida. Vimos, em continuação da leitura do texto, que a literatura é a obra da morte no mundo, situando-se na periferia do real e, por isso, revelando o todo do mundo a partir do sua própria particularidade. Ela trabalha a partir do imaginário e, ao mesmo tempo, da realidade da linguagem para transformar o ser humano, sendo esse o fazer da cultura. Neste seu trabalho ela revela o seu poder e o seu sentido: um escritor, quando escreve, escreve porque toma atenção ao trabalho da morte no mundo e, nesse seu acto, a literatura e a obra guardam no seu âmago uma capacidade de metamorfose e de alteração àqueles que com elas se confrontam.
É este o trabalho da morte no mundo: a iminência da alteração; e a literatura, surgindo sempre em ligação a esse trabalho — bem como a arte no seu geral —, toma como princípio essa mesma potência para tornar a compreensão do ser realizável.
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