(aula)
Da noite da possibilidade ao dia da presença (I)
9 de Dezembro
2024
Como modo de continuar o pensamento acerca da representação e da morte, que iniciámos a partir do texto "Hegel, a morte e o sacrifício" (1955) de Georges Bataille, seguimos a conversa desta aula para outro texto, também relacionado com o pensamento de Hegel: "A Literatura e o Direito à Morte" (1948), de Maurice Blanchot.
Em leitura do texto de Blanchot, colocou-se em diálogo a questão da literatura partindo da sua ambiguidade, no que toca à negação que ela faz do mundo e no desejo que ela tem de apresentar o ente que ausentou, e da sua relação com a morte, fazendo desaparecer o ente, nesse seu processo de representação, para com isso trazer o seu ser e o seu sentido ao mundo. Vimos que a ambiguidade da literatura se sustenta nestas duas vertentes sempre presentes em si mesma: o movimento de negação e a preocupação com a realidade das coisas; e que, através desta ambiguidade, ela trabalha no mundo e é produto da consciência, que, por sua vez, se dá em relação à morte, procurando sempre a noite que vem antes do dia da presença, e assim confrontando-se com a sua incapacidade de ser algo que não o dia, isto é, a necessidade de ver, de saber, de pensar, de representar.
A morte age através da literatura e da linguagem para trazer ao mundo o sentido, transformando aquilo que se ausentou, ou seja, aquilo que ela mesma negou, num outro, que é a obra, que surge desta sua preocupação.
Sem comentários:
Enviar um comentário