(aula)
A fotografia como reverso da linguagem: considerações sobre um desejo
17 de Maio
2021
Takuma Nakahira, For a Language to Come, 1970
Entre 1968 e 1969, um grupo de fotógrafos japoneses editou os três únicos números da revista de fotografia Provoke. Rejeitando o registo fotojornalístico que então procurava dar conta da indefinição identitária do Japão no período do pós-guerra, os fotógrafos da Provoke almejavam desfazer a determinação discursiva das imagens, eliminando quaisquer traços de narratividade. No seu manifesto, davam expressão a um anseio antigo: que a fotografia pudesse fornecer um acesso não mediado ao real, transcendendo as limitações da linguagem e do modo humano de acesso ao mundo. Deste modo, desejavam fazer aparecer o instante na sua singularidade. Em diálogo com Barthes e outros interlocutores, procurámos investigar as raízes desta desconfiança face à linguagem, e sondar os limites de um desejo que, desde o início, tem acompanhado a fotografia.
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