(aula)
A casa é negra
19 de Outubro
2020
Nesta aula livre, vimos o filme A Casa é Negra (1962, 26 min.), da poetisa, cineasta e escritora iraniana Forough Farrokhzad. Após a projecção do filme de Farrokhzad, proposta por Pedro Florêncio, seguiu-se uma conversa com todos.
Sinopse
Numa colónia de leprosos no norte do Irão, este breve documentário demonstra, não só a dor e o sofrimento daqueles que são marginalizados pela sociedade, como a gratidão que se pode sobrepor a tal suplício.
Nota de intenções, por Pedro Florêncio
a partir de excertos do artigo
(escrito para o Dossier 5 Sentidos + 1, disponível no site À Pala de Walsh)
Tenho em mim que todos os grandes cineastas são os que propõem um fundo mergulho, no qual corremos o risco de nos afogar na escuridão das suas profundezas. Só através de um sensível mergulho no desconhecido mundo das formas pode o cinema, enquanto exigente aula do ver, fazer-se forma de com-tacto. É de um mergulho profundo nesta escura 'caverna' revestida por uma delicada pele cinematográfica que Khaneh siah ast (A Casa é Negra) trata – um mergulho necessariamente profundo, pois só aí “permanece sempre o enigma de como e quando se desencadeia o efeito de pensar poeticamente, que é como quem diz capaz de ir ao fundo sem se afogar” (palavras roubadas a José Bogalheiro, antigo mestre).
Cinema em que a poesia do tacto é indissociável do agir político, A Casa é Negra engendra um campo cinematográfico através da fina e delicada fragilidade que o fertiliza. É a pele da lepra que cobre esse campo, espelhando a condição de permeabilidade que só o olhar e o dizer do poeta encontram em todo o lado: no reverso de cada imagem, está um mundo insuportavelmente belo…
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